quinta-feira, 20 de março de 2008

Cidadania Italiana: das buscas a legalização

Após um mês e alguns dias, eis-me aqui em solo catarinense.

Eu sei. Disse que escreveria com mais freqüência, o que não ocorreu. Desculpem-me.

Tenho uma novidade: já estou com data e hora de embarque para a Itália. Dia 13 de abril, às 10h45, domingo, pego o vôo aqui em Florianópolis com destino a Milão (Milano).
O local onde ficarei, na ‘vecchia bota’, por enquanto, não contarei.

Bom, na minha última postagem escrevi que comentaria sobre o meu processo. Devo retificar um ponto. Eu não comecei a mexer com a papelada em Julho do ano passado. REcomecei, pois havia dado uma pausa por motivos de estudos (terminara o curso de Jornalismo e acabara de entrar no Mestrado em Estudos da Linguagem, na UEL).
Pois bem, por onde começar? Pergunta estúpida! Pelo começo, claro. (Quanto P! Mamma mia!).

Então vamos lá. O desejo de ter a cidadania italiana reconhecida – é um direito – vem de longa data, mas começou para valer em 2000. Eu ainda morava em Cambará (PR) e meu pai recolheu, no cartório da cidade e em outros da região, alguns atos de nascimento, casamento e óbito de parentes. Queríamos saber o local de nascimento de meu ‘bisnonno’, Enrico, porém, de posse dos documentos, vimos que não seria nada fácil – e realmente não foi.

Ligações para tios e tias-avós, primos, conhecidos, e cidades como Padova, Veneza, Napoli e até mesmo a possibilidade de meu ‘bisnonno’ ter nascido na Alemanha foram cogitadas.
Raciocine comigo. Em uma manhã você acorda com o pensamento voltado para Padova, preparando cartas para enviar ao ‘Comune’ e, no outro, já “está” em Veneza.

Agora rio sozinho, lembrando do que passou, mas, à época, ficava irritado com a falta de organização. Como podiam não saber o local, exato, de nascimento de nossos antepassados?! Logo soube não ser o único e que muitos descendentes de italianos sofriam com isso – serviu de consolo.

Nesse meio tempo, me mudei para Londrina e, dentre várias coisas novas, comecei a estudar italiano. As minhas pesquisas com parentes continuavam e as informações, desencontradas, também.
Comecei a ficar sem esperança de localizar a Certidão de Nascimento de meu ‘bisnonno’.

E o pior que eu já estava ficando um tanto neurótico. Sabia os dias e os horários em que o carteiro passava em casa e ficava esperando, para ver se havia alguma da Itália. Mandei cartas para todos os ‘Comuni’ que os parentes citaram como o local de origem, mas a resposta era sempre negativa.

Auxílio na lista...

Depois de algum tempo, não possuindo mais pistas e sem saber para onde correr, resolvi “atirar para todos os lados”. Consultei algumas listas telefônicas italianas na internet, e onde houvesse UM italiano com o meu sobrenome enviaria uma carta ao ‘Comune’.
Para ser sincero, não me lembro a quantidade exata, mas eram quase 200 cidades. Peguei o endereço de todas as prefeituras. Escrevi uma a uma (recordo-me muito bem desse dia).
Você pode me perguntar: Guaita, você despachou de uma só vez? Resposta: não. Todo mês enviava entre cinco e dez.

Fiz essa “maluquice” no início de 2004. Em Agosto/Setembro, já com uma quantidade razoável de cartas endereçadas aos ‘Comuni’, só consegui juntar alguns envelopes timbrados das prefeituras italianas – algumas me respondiam por e-mail – e a maioria vinha assim:

“Dalle ricerche effettuate, non risulta, essere nato in questo Comune il nominativo richiesto”. Ou, então, aqueles ‘Comuni’ que faziam o favor de procurar, somente, na data indicada por mim: “Nella data indicata non risulta nata in questo Comune alcuna persona con il nominativo indicato in oggetto”.

Havia também os mais formais, que enviavam a carta resposta muito bem elaborada e com um lindíssimo timbre da prefeitura. O ‘Comune’ de ‘Valtournenche’, no ‘Valle d’Aosta’, é o meu preferido: “Egregio Signor Guaita Gustavo Marcel, in risposta alla Sua lettera del 05.01.2004, si informa che nei registri di nascita dell’anno 1884 non risulta il nominativo del Sig. Guaita Enrico nato il 04.04.1884. Spiacenti per non poter essere di aiuto si inviano distinti saluti”.

Eu não cheguei a enviar todas as cartas (abaixo conto o porquê), mas, no total, 54 ‘Comuni’ me responderam. Destes, 16 por e-mail e 38 por carta. Está tudo guardado:


Depois de cinco anos...

Por que eu não enviei todas as cartas? Aqui cabe um agradecimento a um primo, Vanderlei Guaita, que encontrou a cidade de nascimento de nosso ‘bisnonno’ e, gentilmente, me forneceu os dados. Como soube que Vanderlei estava mexendo com os papéis para reconhecer a cidadania, sendo que eu nunca tinha ouvido falar nele? Eu acredito na intervenção de Deus, porque eu já estava sem esperança novamente com as respostas negativas que chegavam dos 'Comuni'.

Era Março de 2005, portanto fazia cinco anos que eu estava atrás da Certidão de Nascimento do meu ‘bisnonno’, resolvi, em uma tarde, dar uma olhada na lista de espera da cidadania italiana no site do Consulado Italiano de Curitiba. Logicamente, fui até a letra G e, para minha surpresa, constava lá: Guaita Vanderlei e o nome do nosso ‘bisnonno’. Não me contive e saí gritando pela casa, atrás de meu pai, que estava no jardim cuidando das plantas, para saber se ele conhecia algum Vanderlei. Ele disse que não se lembrava. Expliquei o motivo da minha pergunta e argumentei que, possivelmente, por estar na lista de espera, Vanderlei, talvez, saberia dizer onde encontrar o ato de nascimento do senhor Enrico.

Entrei no 102 on-line. Fuça daqui, de lá e nada. Depois de uns trinta minutos, meu pai veio até a sala e disse: “Eu acho que ele (Vanderlei) é algo do tio Toni (Antonio, irmão de meu avô José), pois o tio tinha o costume de colocar o nome dos filhos com a letra V”. É, pode parecer um argumento ridículo, mas meu pai estava certo. Seguindo a linha de raciocínio do meu ‘babbo’, encontramos Vanderli Guaita na lista que, acreditem ou não, morava a alguns minutos de carro de nossa casa em Londrina.

Meu pai telefonou a ela, apresentando-se como Guaita, filho de José, e disse que estava procurando por Vanderlei. Meu pai explicou que seu filho (eu) havia encontrado o nome dele na lista do Consulado e também contou a história dos nomes do tio Toni, por isso o telefonema.
Só a ouvi rindo e dizendo: “Vanderlei é meu irmão. Ele está na Itália e sabe, sim, o local de nascimento do Enrico”.

Depois disso, a Vanderli nos passou o e-mail do Vanderlei, que já sabia que eu entraria em contato, e na mensagem de resposta dele, além da atenção e do tema cidadania, estava lá o nome da cidade que tanto procurei: San Benedetto Po, província de Mantova, Lombardia.

Eu não sabia se eu ria ou se chorava (foram cinco anos de procura!). Só me lembro de responder ao e-mail do Vanderlei com vários ‘muito obrigado’ e escrever a carta ao 'Comune'. Como já era noite, só no dia seguinte pude colocá-la no correio e o fiz cedinho. Porém, agora sabia que era o lugar certo.

Ah! As cartas que eu não enviei para a Itália, serviram de rascunho em casa.

Signore Mario Guaita de Pegognaga...

Passaram-se dois meses e nada de resposta do 'Comune' de San Benedetto Po. Nem preciso dizer que eu estava ansioso. Aqui volterei um pouquinho no tempo para relatar mais uma “doidice” que fiz. Quem tem mais tempo de internet vai se lembrar do saudoso ICQ. Aos mais jovens: o ICQ era um programa, guardada as devidas proporções, tipo o MSN.

Bom, o que o cidadão aqui fez? Lembra-se que havia a possibilidade de pesquisar pessoas pelo sobrenome? É! Fiz isso mesmo que você está pensando! Peguei todos os Guaita que encontrei no ICQ e enviei mensagens e e-mails. Aliás, como achei Guaita até na Lituânia (não me pergunte o que ele fazia por lá), escrevi quatro mensagens. Uma em português, outra em espanhol, inglês e italiano.

Isso foi na época das cartas e, quando encontrei o Vanderlei, já fazia mais de um ano das mensagens aos Guaita do ICQ. Mas recebi uma resposta em Abril de 2005. Um senhor de 84 anos, chamado Mario Guaita, que morava na cidade de Pegognaga, vizinha a San Benedetto Po, me escreveu que os nomes que havia passado a ele, por e-mail, eram familiares. Respondi a ele dizendo que tinha descoberto, por meio de um primo, o local de nascimento do meu ‘bisnonno’.

Passei os dados, ele me disse que iria a San Benedetto Po pegar a Certidão de Nascimento para mim e combinamos um horário para conversarmos pelo MSN.
Tudo isso por e-mail.
No dia e hora marcados lá estava eu, conversando e vendo, pela Webcam, o senhor mais doce e educado que conheci até hoje. Magro, cabelos grisalhos, as marcas do tempo no rosto e dois olhos azuis que brilhavam como diamantes. Ele estava junto do sobrinho Franco – outra pessoa que me ajudou muito – e conversamos sobre a família durante horas.

Falei que iria para a Itália, fazer o meu processo da cidadania. Ele perguntou quando seria. Respondi que entre 2007 e 2008. O senhor Mario brincou e disse: “Estou velho. Não sei se estarei aqui, Gustavo. Mas então farei o seguinte: vou falar com o homem lá em cima e pedir para Ele me dar um tempo maior. Vou te esperar para a gente tomar um vinho Lambrusco e conversar bastante”.

Infelizmente, Deus tinha outros planos e o chamou. Três meses depois, Franco me enviou um e-mail, informando a respeito da morte do tio. Não conheci o senhor Mario Guaita pessoalmente, mas a atenção e o carinho que ele tinha por mim, me fizeram tê-lo como meu ‘nonno’. Chorei muito no dia que recebi a mensagem e ainda me emociono quando me recordo.
Que Deus o tenha em bom lugar.

Antes do triste ocorrido, o senhor Mario me enviou a Certidão (a que foi enviada pelo 'Comune' só chegou em Setembro de 2005) e uma cartinha:

Com o ‘Certificato di Nascita’ em mãos...

Sem dúvida, eu havia encontrado a certidão chave para o início do processo.
Porém, faltavam alguns atos (Casamento do meu ‘bisnonno’, Nascimento de meu avô e a tão enrolada – para mim pelo menos foi – Certidão Negativa de Naturalização, que é emitida em Brasília, pelo Ministério da Justiça, no Departamento de Estrangeiros).
Esse último documento se tornou uma novela, literalmente.

Como diria Jack, o Estripador, “vamos por parte”.
Os dois primeiros registros, o de Casamento do Enrico, meu ‘bisnonno’, e Nascimento de meu avô, José, foram relativamente fáceis de encontrar. Um estava em Lençóis Paulista e o outro em Macatuba (SP) – quando meu avô nasceu o nome da cidade era Bocayuva. A princípio, essa mudança me causou certo problema. Mas nada que uma boa pesquisa no Google não desse jeito.

Por motivos particulares, só pedi os documentos em seus respectivos Cartórios em Julho de 2006. A Certidão Negativa de Naturalização (CNN), logo depois, em Agosto. Deixarei a história da CNN para mais adiante.

Pois bem, recebi os atos do Enrico e José em casa, algumas semanas depois, e notei a quantidade exagerada de erros em nomes, sobrenomes, datas e locais. Por falta de informação, não sabia que existia o processo de retificação para que fossem corrigidos tais falhas.

Vendo aquela bagunça nos documentos (só para exemplo o sobrenome do meu avô, na Certidão de Nascimento, estava como GOITA), tentei argumentar com o responsável que estava errado, pois TODOS os demais atos – é verdade – constava como GUAITA.
Ele me ouviu, foi educado, mas disse que não poderia fazer nada.

O engraçado é que em outro Cartório, de maneira administrativa, realizaram algumas correções.

Mudança de planos...

O que eu consegui ajustar, naquele momento, o fiz. Os demais, deixei como estavam.
A CNN, pedida em Agosto, chegou no dia 27 de dezembro de 2006. Naquela época, confesso, tinha deixado a idéia de ir para a Itália de lado, pois minha meta era um Mestrado na UEL. Terminei a Faculdade e, em Fevereiro de 2007, consegui entrar no Mestrado.
Com a notícia, peguei a minha pasta com todos os documentos e guardei na gaveta, mas prometendo a mim mesmo que retomaria o processo.

Como a ingratidão é uma palavra que não costumo carregar em meu vocabulário, devo citar aqui os jornalistas, professores e, acima de tudo, seres humanos fabulosos Celso Mattos e José de Arimathéia, que me deram muita força para que eu conseguisse entrar na UEL.
Jamais esquecerei das palavras de apoio de vocês.

Cursei apenas um semestre e, mesmo sendo aprovado na disciplina e convocado para outra, o sangue falou mais alto. Devo dizer também que, por ingenuidade pura, acreditei, como muitos, naquela matéria publicada em julho de 2007, pela revista Veja, que fazia menção a uma possível restrição ao reconhecimento da cidadania até a segunda geração de descendentes de italianos. Como escrevi, foi uma ingenuidade. Mas não me arrependo. E mesmo que isso ocorra no futuro, não reclamarei, pois fiz o que achava certo naquele momento. Depois que o fato é consumado e são vistos os resultados, fica fácil julgar.


De volta ao processo...

27 de Julho de 2007. Essa foi a data em que eu abri a minha gaveta, onde estavam guardados os documentos dos meus ascendentes, e disse para mim mesmo: “Agora vai ou vai”.
E fiz uma coisa que não havia realizado antes: ler.
Li, li e li MUITO sobre o processo na Itália. Foi um erro e devia, sim, tê-lo feito antes.

Sites, fóruns e Comunidades no Orkut. Acordava cedo e já sentava a frente do computador, lendo tudo que encontrasse a respeito do tema e as dúvidas de outras pessoas que, na maioria das vezes, eram as minhas também.

Recorda-se que a minha CNN chegou em Dezembro de 2006? Então. Pelo fato de eu ter deixado de lado o processo, na época, passou batido um erro de digitação no meu sobrenome e no do meu ‘bisnonno’. Em vez de Guaita, inventaram um GuaLita:



Obviamente, mandei uma carta, no início de Agosto de 2007, requerendo uma 2ª via da CNN, com os sobrenomes corretos. Mais abaixo conto o que aconteceu.

Resolvi, depois de ler várias vezes sobre o assunto e conversar com o meu pai, que o jeito era mesmo retificar os documentos que estavam com erros, pois eu correria o risco, levando-os daquela maneira, de ter o meu processo parado na Itália.

Agradeço, aqui, ao Wanderley Stagliano pela ajuda com o roteiro e pelas indicações de pessoas na região de Londrina.

Retificação e outros detalhes...

No dia 5 de Agosto de 2007, fui até a cidade de Maringá (PR) para deixar as certidões com uma advogada que cuidou do meu processo de retificação. Ela entrou com o pedido em 1º de Setembro e no dia 24 do mesmo mês os mandados já estavam prontos. Durante o período de espera dos mandados, continuei a ler e a agilizar outras coisas como: Certificado de Assistência Médica, Permissão Internacional Para Dirigir (PID), Cartão do Hostel e o Cartão de Crédito Internacional.

Assim que os mandados chegaram em casa, recomecei a “via sacra” atrás dos atos que precisavam de correções. Despachei dois pelo correio – uma para Lençóis Paulista e outro para Macatuba (SP). E os outros levei pessoalmente – em Cornélio Procópio (PR) e Cambará (PR).

Tudo pronto! Certidões corrigidas, graças a Deus.
Mas aí me lembrei de uma coisa: meu passaporte. Calma! Antes de me chamar de anta, me deixa explicar o que houve. Eu já tinha tirado no final de 2006, mas pelo fato de ter retificado todos os erros nas certidões da família, inclusive a da minha mãe, tive, também, de requerer um passaporte novo.
E foi por causa de um T.
Podem me chamar de maluco, doido, neurótico etc. Mas o fato é que eu não queria ser questionado, na Itália, por causa de um ‘maledetto’ T e depois ter que dizer a mim mesmo: “Cabeçudo, porque não arrumou isso quando teve chance?”.

Boas notícias durante o percurso...

No período em que eu abri a gaveta novamente, o Consulado Italiano de Curitiba só legalizava as certidões de quem comprovasse residência na Itália. Quer dizer, eu estava me preparando para retificar tudo, pedir os atos novamente, reconhecer firma nos tabelionatos e traduzir com a tradutora juramentada reconhecida pelo Consulado e ir para a Itália fixar residência, seguindo o procedimento correto.

Mas houve duas mudanças no Consulado que é daquelas que você pode dizer: “esse cara teve sorte” ou “é Deus agindo”. Eu prefiro a segunda opção.

A primeira foi a implantação do sistema de agendamento para que os documentos fossem legalizados. Isso ocorreu em 20 de Agosto de 2007. Fiquei feliz com isso, porque não fazia nem um mês que começara novamente a mexer com os papéis e o Consulado dava mostras, em minha opinião, com essa atitude, que as pessoas interessadas em legalizar os atos civis poderiam se organizar. Mal comparando, seria como uma consulta médica.

Pensei comigo: “Pego as certidões, reconheço as firmas, traduzo, marco o dia do meu vôo e já agendo a legalização”. Até aí, sem problema. Tanto que no início de Outubro, mandei um e-mail ao setor de legalização do Consulado, perguntando para quando já estavam agendando. Responderam-me que já existiam datas marcadas até o dia 15 de Novembro.

Poucos dias depois, vem a melhor mudança, naquele momento, para mim. Se não estou enganado com relação à data, no dia 12 de Outubro, o Consulado publica no site que não era mais necessário comprovar residência na Itália para a legalização das certidões. Eu pulei de alegria, pois poderia levar os documentos legalizados para a Itália.
Soube da notícia no dia e já agendei – poucas semanas depois já estavam marcando para Abril, Maio de 2008. No dia seguinte, recebi o e-mail do Consulado.
Eu deveria comparecer no dia dez de Dezembro, às 9h30 da manhã.

Melhor impossível! Havia tempo hábil para eu pegar todos os atos, reconhecer a firma dos escreventes e oficiais de registro civil, dar uma olhada mais minuciosa, traduzir e, aí, sim, levar para Curitiba. Nessa observação mais detalhada, agradeço ao amigo, Wagner Maiolino, pela paciência e pelos valiosos conselhos.
Obrigado de coração.

A legalização...

Dia dez, na hora marcada, levei as certidões ao Consulado. Fui atendido muito bem pelos funcionários, especialmente pelo responsável pelas legalizações, Giovanni Meneguz, que me perguntou se eu havia montado o processo sozinho e quando eu iria para a Itália. Respondi que sim e que iria assim que as certidões estivessem legalizadas. Dito isso, ele marcou a retirada para o dia 22 de Janeiro de 2008, às 10h30.

Não pude ir a Curitiba, mas um amigo de meu pai, Oscar, a quem agradeço, assim como a esposa Sirlei, pela recepção em sua casa, quando estive lá no dia dez, levando os documentos e por ter ido buscá-los para mim.


A novela da CNN...

Eu não me esqueci. Há ainda a CNN. Vamos lá, então.
Lembra-se que enviei uma carta a Brasília no início de Agosto de 2007, pedindo uma 2ª via?
Pois bem. Ela chegou rápida. 22 de Agosto a 2ª via estava em minhas mãos e a primeira coisa que olhei foram os sobrenomes para ver se, desta vez, haviam acertado.
Tudo certo.
Deixei o documento sobre a mesa, saí resolver algumas coisas e quando voltei meu pai me interpelou na porta de casa:

- Gustavo, você olhou direito aquela CNN?
- Olhei, pai, por quê?
- Olhe de novo.
- Tá, o que tem?
- Achou?
- Achei o que, pai? Fala!
- Olha o segundo nome do ‘bisnonno’.


Contei até dez e soltei um palavrão em alto e bom som.
Meu ‘bisnonno’ tinha um segundo nome (CredindIo) e, na ocasião, escreveram CredinDO:




Vou eu atrás, de novo, da CNN. Liguei em Brasília, expliquei que já seria a 3ª via, comentei os erros, soletrei o meu nome e o do meu ‘bisnonno’ – tudo com muita educação – e pedi para que enviassem o mais breve possível.

Novamente foram velozes. Dia 10 de Setembro de 2007, chegaram duas CNN no mesmo envelope. Você pode me perguntar qual a razão? Resposta: porque erraram uma.
O ano base do meu processo era 2006, colocaram 2007 e sumiram com o segundo nome do meu 'bisnonno':









Pelo menos enviaram uma correta, né? Ufa.
Que nada, gente. Conseguiram, MAIS UMA VEZ, errar o segundo nome. Só que foi o meu.
No lugar de Marcel, digitaram MacIel:








Parece piada, não?! Eu estava me sentindo um palhaço.
Tentei tratá-los, todas as vezes que liguei lá, com a maior educação possível.
Telefonei, outra vez, e mandei de cara:

- Por favor, gostaria de falar com o chefe de vocês.
- Posso saber o motivo, senhor?
- Ah, que bom que me perguntou. Sabe, essa será a 5ª via da CNN
(lembre-se que me enviaram duas no mesmo envelope) que vou pedir a vocês. Toda vez alguma coisa vem errada. Será que é difícil C-O-P-I-A-R dos documentos que enviei o meu nome e o do meu bisavô?
- Só um minutinho, senhor.


Esse “minutinho” se transformou em 15 minutos e a ligação caiu.
Nem preciso dizer que fiquei um pouco, só um pouquinho, mais irritado. Lógico que telefonei de novo e, para minha sorte, falei com um atendente que comprou a minha “briga” lá dentro, depois de escutar tudo o que ocorreu. Resultado: não precisei ligar mais em Brasília.

Cá estou eu com tudo pronto para embarcar.
Isso é o resumo da história.
Há mais detalhes e situações que deixarei, se Deus permitir, para uma outra oportunidade. Volto a agradecer a todos que me ajudaram e tenho a certeza que terei de agradecer a outras pessoas – e farei com o maior prazer – pelo que virá.

A continuação da busca pelo reconhecimento da minha cidadania italiana terá novos capítulos. Agora, na Itália.

A presto, amici.