quinta-feira, 26 de julho de 2007

Cidadania italiana: senador Edoardo Pollastri se posiciona sobre a matéria de Veja

Posto aqui a nota que o senador Pollastri enviou à redação de Oriundi, sobre polêmica matéria de Veja:

O senador Edoardo Pollastri, representante dos italianos no exterior, da circunscrição da América do Sul, enviou nota à redação de Oriundi, abordando pontos que considera importantes sobre a matéria da revista Veja “Não per tutti - Atenção, descendentes de imigrantes: a Itália estuda limitar a concessão de sua cidadania", publicada em 11/07, e sobre o artigo “Restrições ao direito da cidadania II: Senador eleito pelos italianos residentes no Exterior tem proposta contrária aos seus eleitores”, de Imir Mulato, publicado no site Oriundi, em 13/07.

Leia a íntegra da manifestação do senador:

Cidadania, o Senador Pollastri esclarece como está a situação

Considerando o artigo sobre a cidadania, que saiu na revista “Veja” e o artigo de Imir Mulato da Agencia Brasilitalia, publicado por “Oriundi”, além dos sucessivos e-mail recebidos, desejo esclarecer alguns pontos importantes.

Alguns me acusam de ter esquecido o Brasil, mas esta afirmação é totalmente infundada, pois toda a minha atividade junto ao Senado e nas várias instituições italianas, o esforço para informação e contatos, são um meu empenho pessoal e constante para valorizar o Brasil em todos os aspectos, sejam culturais, sociais ou econômicos. A própria Embaixada Brasileira em Roma, e muitas autoridades governativas brasileiras são testemunhas disto: Sem sombra de dúvidas o Brasil nunca esteve tão presente na Itália como neste momento.

Quanto ao delicado problema da cidadania é bom esclarecer como está a situação, porque me parece que estejam divulgando notícias confusas e algumas vezes sem fundamentos.
A lei em vigor é a de numero 91 de 5 de fevereiro de 1992. Atualmente existe um Projeto de Lei de iniciativa do governo, o qual prevê, em linhas gerais, as seguintes modificações à normativa existente:

A) a introdução do “jus soli” junto ao “jus sanguinis”, princípios de transmissão de cidadania;

B) redução de 10 para 5 anos, para a naturalização do estrangeiro legalmente residente na Itália;

C) reaquisição da cidadania sem limite de tempo, para os que a perderam pela aquisição de outra.

D) reaquisição da cidadania por parte da mulher, que a perdeu devido o matrimonio com estrangeiro, feito antes de 1° de janeiro de 1948. O direito de reaquisição é o mesmo para os filhos nascidos antes de 1° de janeiro de 1948, mesmo que a mãe tenha falecido;

E) requisito de integração lingüística – cultural em alguns casos de naturalização previstos do Projeto de Lei.

O Projeto de Lei está ainda em análise na Câmera dos Deputados.Obviamente quando este projeto chegar ao Senado será objeto de profunda e atenta análise por parte das várias comissões interessadas e em particular da Comissão das Relações Exteriores e do Comitê para os Italianos no Exterior, constituído recentemente, órgãos estes dos quais participo. Nestas sessões poderei formular as minhas observações e propostas, baseando-me também nas numerosas sugestões recebidas e as que ainda receberei. Esclareço que nunca fui contrário à emenda apresentada pelo Deputado Merlo, sobre o reconhecimento da cidadania por linha materna, não apenas para os filhos, mas para todos os descendentes mesmo àqueles nascidos antes de 1° de janeiro de 1948, que considero totalmente favorável, tratando-se de cessar uma injusta discriminação entre homens e mulheres.

Vejo particularmente importante ressaltar que a questão da limitação temporal da descendência “jus sanguinis”, que já suscitou tantas discussões, no momento não faz parte de nenhum projeto de lei, e todas as opiniões expressas em mérito são atualmente apenas cogitações, no meio de um debate aberto sobre um tema particularmente delicado.

As minhas declarações possuíam apenas o intuito de explicar qual é, independentemente dos partidos políticos, o clima dos dois vértices do Parlamento, orientado a colocar uma limitação, encontrando-se diante do fato que dezenas de milhões de descendentes italianos seguindo o princípio do “jus sanguinis”, têm o direito de ter reconhecida a cidadania italiana, fato que objetivamente gera problemas; como por exemplo, o impacto na rede consular que, com as atuais estruturas, empregará décadas para finalizar os processos de reconhecimento requeridos.

Todas as problemáticas jurídicas relacionadas são e serão matéria de um minucioso exame por parte dos juristas especializados no decurso do processo parlamentar. Não existe, repito, nenhum projeto de lei ou emenda que prevê alguma limitação ao princípio do “jus sanguinis” no momento, e não serei certamente eu a apresentá-lo e muito menos a sustentá-lo. Simplesmente expliquei, e talvez tenha sido mal interpretado, que existe uma orientação de todos os partidos para tentar adequar a lei da cidadania às exigências e aos problemas apresentados nos últimos anos e às novas realidades, como a imigração ou a integração européia. A descendência “jus sanguinis” é um dos vários temas que são inseridos no debate geral sobre a cidadania.

Compreendo todas as razões daqueles que são ligados à Itália e querem que esta forte relação seja reconhecida, mas procurei ser prático e informar aos cidadãos, explicando o que está acontecendo no Parlamento italiano sobre a reforma da lei referente a cidadania, reforma esta que de qualquer modo, a meu ver, terá amplos debates e longos tempos.

Com todo prazer aceito, obviamente sem polêmicas, sugestões e opiniões que possam ser de auxílio para aprofundar e avaliar melhor esta questão tão complexa.

Edoardo Pollastri: pollastri@pollastri.com
Fonte: www.oriundi.net
E se você quiser saber mais a respeito da comunidade italiana no Brasil, recomendo o oriundi.net.
É uma excelente fonte de notícias sull'Italia e il Brasile.

Perdemos para nós mesmos?

Eu não entendi o que o técnico do Vasco, Celso Roth, depois do jogo de ontem, contra o Palmeiras, quis dizer com: “Nós perdemos para nós mesmos”.
Claro que compreendi a questão semântica da afirmação, só não captei o por quê.

Vamos ao jogo e aos fatos.
Palestrinos, amigos, convenhamos: - até os 20 minutos da primeira etapa, o Palmeiras não jogou absolutamente NADA!
O Deivid, revelação do alviverde de Palestra Itália e muito bom zagueiro, estava perdidinho dentro de campo. Creio que a estada na seleção brasileira Sub-20, do digníssimo técnico Nelson Rodrigues, não fez muito bem ao menino.
Não só ele não estava bem. A defesa. Aliás, o sistema defensivo inteiro bateu cabeça: Wendel, Nem, Gustavo, Deivid, Leandro, Pierre e Martinez corriam como loucos, mas não conseguiam fechar os espaços, com a movimentação que o Vasco impôs de início.
Resultado: aos 18 minutos Rubens Junior faz um a zero para o time carioca e, logo em seguida, aos 21, Leandro Amaral aumenta o marcador. 2 a 0.

Depois disso, entra em cena a figura do técnico Caio Júnior – um dos profissionais mais injustiçados que passaram pelo Londrina Esporte Clube!
Mas isso é uma outra história.
Retomando.
Perdendo o jogo por dois a zero, o treinador palmeirense tira um dos três zagueiros, Deivid, é coloca o Makelele.

Aqui faço um parêntese e uma indagação a você que assistiu ao jogo.
Com os dois a zero no placar, foi o Vasco que recuou ou foi a entrada do Makelele que deu novo ritmo de jogo ao Palmeiras?

O verdão melhorou visivelmente. Tanto que aos 33 minutos vem o primeiro susto para o Vasco: uma bola na trave, antecedida de uma bela defesa do Silvio Luiz, depois de um leve toque de cabeça do Martinez. Aos 34, mais um susto para o time de São Januário: Makelele chuta e o jogador Amaral tira, praticamente, de dentro do gol. E, finalmente, aos 35 minutos, depois de duas tentativas, o Palmeiras diminui com o chileno Valdivia.

Antes de terminar o primeiro tempo, aos 44, depois de uma cobrança de escanteio, quase o acontece o gol de empate. Mas termina mesmo 2 a 1 para o Vasco.

O Palmeiras volta com Luiz Henrique (meia-atacante) no lugar do Martinez (médio-defensivo).

Naquele momento, eu achei que o Caio Júnior errou. Por quê?
Conhecendo o Celso Roth (ele ama jogar fechado, saindo nos contra-ataques, com um jogador aberto caindo pelas pontas), o Vasco teria totais condições de fazer o terceiro gol, pois o Perdigão e o Conca teriam mais espaços para trabalhar com a bola e o Leandro Amaral (esse é quem caia nas costas dos laterais) faria a festa.

A equipe cruz maltina seguiu o script.
Só saia na boa, nos contra-ataques, talvez pensando que a qualquer momento poderia fazer o terceiro gol, como eu também pensava.

O jogo seguiu morno até os 20 minutos do segundo tempo, quando aconteceu a expulsão, diga-se de passagem, justíssima, do Makelele. Após o ocorrido, o Caio Júnior tira o Edmundo e coloca o lateral-esquerdo, Valmir, deslocando o Leandro para segundo volante. Com um homem a menos, perdendo em casa, com o fantasma do Palestra rondando, a derrota parecia inevitável. Pensei que o porco iria pro brejo mesmo.

Mas eis que apareça ele, o insuperável, o fabuloso, o inigualável, o fantástico, o poderoso clichê para explicar o que aconteceu. “O futebol é uma caixinha de surpresas”.

Vamos falar sério!
Não tem nada de caixinha de surpresas e outros chavões, aqui, não.
Com um a menos, aos 36 minutos o verdão empata o jogo com o zagueiro Nem e aos 41 consegue a virada com Luiz Henrique. 3 a 2.

Uma vitória na raça, na vontade e com méritos do time de Palestra Itália.

Não foi um jogo maravilhoso tecnicamente – o nível do futebol praticado aqui no Brasil está baixíssimo – mas valeu pela força de vontade e pela disposição dos jogadores palmeirenses que se desdobraram em campo.

Ah! O Celso Roth! Havia me esquecido dele!
Quando diz que perderam para eles mesmos, se esquece de reconhecer a superioridade do Palmeiras e dar o devido valor ao adversário, que soube vencê-lo, antes de qualquer coisa, jogando bola.

Os outros resultados da 14ª rodada:

Atlético-PR 2 x 2 Cruzeiro (Quatro gols de cabeça e um frio danado em Curitiba).
Goiás 1 x 0 Santos (Santos perdeu um pênalti com o Marcos Aurélio e gol do Goiás saiu após um salseiro daqueles na área).
Náutico 0 x 2 Grêmio (Bom resultado para o time gaúcho)
Flamengo 3 x 1 América-RN (ALELUIA! ALELUIA! A situação está feia, né, flamenguistas? Quem sabe essa vitória não seja o início da subida).
Figueirense 2 x 2 Corinthians (Só mesmo com aquele gol espírita do Clodoaldo para explicar o empate).
Internacional 1 x 0 Paraná (Vocês viram a categoria do Alexandre Pato? De costas, marcado, recebeu a bola e a ajeitou no espaço vazio com o pé direito e mandou uma pancada com o pé esquerdo, fazendo o gol. É craque! Já está na hora de ser chamado para a seleção principal do Brasil).

Hoje mais três jogos pelo brasileirão:

Botafogo x Juventude
Atlético-MG x Fluminense
São Paulo x Sport

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Prá que isso?

Depois de alguns dias de descanso, eis-me aqui.

Estou triste, sabem. Diga-se de passagem, bastante. Por que estou assim? Porque pensava que o esporte fora criado para integrar os povos, construir o espírito de coletividade no cidadão, moldar um caráter e quando derrotado saber perder com dignidade. Sem partir para a violência ou ignorância, seja lá qual modalidade for.

Ontem assisti ao Gp da Europa de Fórmula 1, disputado na Alemanha, e achei emocionante a corrida no final, como há tempos não se via. O Felipe Massa perdeu a primeira posição para o Fernando Alonso quando faltavam cinco voltas para acabar a prova. A troca de posições entre eles aconteceu de forma aguerrida e houve um toque do Massa no carro do Alonso. Até ali tudo normal. Mas na opinião do espanhol não. Finalizado o grande prêmio, na área onde os pilotos se pesam e pegam os bonezinhos dos patrocinadores, antes de subirem ao pódio, Fernando Alonso e Felipe Massa iniciaram uma discussão para, literalmente, o mundo inteiro ver. Transmitida e captada ao vivo, em italiano. Alonso reclamando da forma como o brasileiro se comportara quando ele o ultrapassara e Felipe lhe dizendo: “Provi a imparare, provi a imparare, dai!” (Experimente aprender, experimente aprender, vai!), dando uns tapinhas bem irônicos nas costas do espanhol.
Não vou entrar no mérito se o Massa ou o Alonso está certo.
Só me decepcionei com a discussão.
Dois grandes pilotos, com um enorme talento, que pareciam crianças.
Lamentável e sem necessidade.

Terminado o bate-boca e a corrida, era a vez de acompanhar Brasil x Argentina, na final do Pan Rio 2007, no handebol masculino. É conhecida a rivalidade existente entre os dois paises, mas quando parte para a pancadaria, como acontecera no final, é de lastimar também. Eu não sabia se o que via era handebol ou vale-tudo. O Brasil venceu 30 a 22, mas ficou um clima pesado no ar. Meio azedo até. Pelo menos para mim.

E a última do dia foi no judô. Existe a luta no tatame, sim. Mas acho que a torcida estava tão contaminada com o dia de confusão e arranca-rabo, que quis participar de alguma forma e a escolhida foi: lançamento de papéis e copinhos contra o árbitro da luta entre a brasileira Érika Miranda e a cubana Sheila Espinosa. O árbitro errou? Isso vai do ponto de vista de cada um e não justifica a zorra ocorrida. Mais uma vez o destaque foi o lado da discórdia.

Aí penso e concluo que ninguém quer perder, incluindo o público – uma conclusão um tanto óbvia, é verdade. Aliás, perdem, sim. Mas questionam ou partem para a estupidez, deixando de lado o espírito esportivo, o respeito pelo atleta, companheiro de profissão e, acima de tudo, pelo ser humano, suscetível a cometer erros!

Louvados sejam Thiago Pereira, César Cielo, Kaio Márcio e outros tantos esportistas conhecedores do real espírito do esporte: treinar, batalhar e vencer os adversários, dando exemplo que os verdadeiros campeões são os que brigam e superam os seus próprios limites. E por isso retifico o que eu escrevi no início deste texto.

Eu não pensava que o esporte fora criado para integrar os povos, construir o espírito de coletividade no cidadão, moldar um caráter e quando derrotado saber perder com dignidade. Sem partir para a violência ou ignorância, seja lá qual modalidade for.

Eu penso e tenho certeza que fora criado com esse intuito.
Pobre daqueles que acham o contrário.